Bate e volta em Alcântara – Maranhão

Em março de 2015 passamos 7 dias maravilhosos no Maranhão e em um deles passeamos por uma cidade muito linda: Alcântara! A apenas 1h30 de São Luís, Alcântara encanta os visitantes com suas ruas de paralelepípedos, casarões coloniais e ruínas…

Esse passeio parece uma viagem no tempo e vamos contar com detalhes para você nesse post! Fomos para Alcântara a convite da Taguatur Turismo, agência que organizou tudo para nós no Maranhão. :)

Fizemos um vídeo completo mostrando tudo o que visitamos lá em Alcântara e você pode começar assistindo para se inspirar! É só apertar o play. :)

Como chegar em Alcântara

Para ir a Alcântara você tem três opções: de catamarã (um barco menor), de ferryboat ou de carro. Em termos práticos para turistas é melhor considerar apenas o catamarã ou o ferryboat, e eu explico porque: de catamarã a viagem leva 1h30 (cada trecho) e você já desembarca no centro de Alcântara.

De Ferryboat leva 1 hora, mas você desembarca num ponto mais distante da cidade e tem que pegar um ônibus de 20 minutos até o centro. E de carro você fará uma viagem de 8 horas (!!!) porque precisará dar a volta na ilha toda para chegar em Alcântara… Se você prefere a aventura de ir de carro, nossa dica é alugar pela RentCars, sai bem mais barato do que direto com as locadoras.

Nós fomos de catamarã, um barco menor que balança PRA CARAMBA! A viagem para Alcântara é demais, vale o enjôo do trajeto, mas você já tem que saber que balança mesmo. Se você for uma pessoa sensível, tome um dramim antes. A Fabia passou mal na ida  :(

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O tempo parou em Alcântara

As passagens do catamarã custam R$ 15,00 o trecho, ou seja, você vai gastar R$ 30,00 em transporte por pessoa para ir e voltar. MUITO IMPORTANTE: compre as passagens no dia anterior, no Cais da Praia Grande!

Você tem que fazer isso porque o horário e o local de saída do barco dependem da maré! Fique atento! O horário do barco que sai de São Luis pela manhã varia entre 7h e 9h  e o barco que volta pode sair das 13h às 15h.

Os possíveis locais de saída em São Luís também são dois: o Cais da Praia Grande ou a Ponta da Areia.

Se você optar pelo ferryboat, que sai de hora em hora, pode comprar no dia da viagem, na Ponta da Espera. Chegue com 1 hora de antecedência da partida desejada. Para mais informações acesse: http://www.emap.ma.gov.br/ferry-boat/servicos

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As ruínas de Alcântara vistas da torre da Igreja do Carmo.

O que visitar em Alcântara

Nós fizemos um bate e volta em Alcântara, ou seja: pegamos o catamarã em São Luís às 7h da manhã e voltamos lá pelas 16h. Deu pra ter um apanhado geral da cidade, mas ficamos com muito gostinho de quero mais!

Dá pra ver o básico, mas se você tiver mais tempo durma lá pelo menos uma noite. Assim você visitará tudo com calma e vai poder aproveitar o pôr-do-sol nas ruínas – que todos por lá dizem ser bárbaro.

Nossas dicas de hotéis e pousadas deliciosas em Alcântara são:

  • Pousada La Maison du Baron$$ – Uma graça de pousada dentro de uma antiga mansão colonial. Visitamos quando passamos por lá e deu muita vontade de voltar e ficar hospedada aí.
  • Hostel Rota da Praia$ – Hostel econômico para a galera mochileira.

Em Alcântara existem várias comunidades quilombolas que podem ser visitadas, além de um parque arqueológico com pegadas de dinossauros, praias lindas e a maravilhosa revoada dos guarás que acontece no fim da tarde. Confere nesse mapa onde está cada coisa na ilha.

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Aqui você se localiza em Alcantâra.

Ao chegar em Alcântara encontramos o nosso guia Nailton. Ele sabe tudo da cidade porque até já foi secretário de Turismo! O Nailton fez todo o passeio conosco com um carro, o que economizou um bom tempo de caminhada. Se você quiser fazer esse passeio com ele basta entrar em contato com a Taguatur que eles fazem o pacote para você. :)

Caminhe pelas ruas da cidade e veja os casarões coloniais

A nossa primeira dica é dar uma volta pelo centro de Alcântara apenas observando as ruas de paralelepípedo e os casarões coloniais. Desembarcando no Porto do Jacaré você irá subir a ladeira do Jacaré que te levará ao centro histórico

A cidade foi fundada antes de São Luís do Maranhão, então as construções coloniais são ainda mais antigas. Você verá palacetes coloniais (aquelas casas maiores com muitas janelas e dois andares) e também verá moradas mais simples, de apenas uma porta e janela, onde as pessoas menos abastadas viviam.

Muitas dessas casas ainda são usadas como residências por moradores, outras são órgãos públicos ou museus. Siga o mapa com as principais atrações do centro histórico.

Capelas das Mercês

Sua primeira parada será a Capela das Mercês. O lugar foi construído para ser um abatedouro, mas os moradores não gostaram da ideia por causa do cheiro e então o abatedouro foi desativado e deu lugar ao Convento das Mercês. Depois da decadência da cidade, sobrou apenas esta capela que fica no meio da praça.

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A capela das Mercês é o que sobrou do Convento das Mercês.

Fonte das Pedras

Imagina que a fonte tem esse nome pois é feita de pedras, né? rs    Você pode beber a água que brota dela. Note a inscrição na fonte com a data de construção: 1714.

Praça do Pelourinho (ou Praça da Matriz)

Essa é a praça principal da cidade, ponto turístico obrigatório. Bem no centro você verá o antigo pelourinho onde castigavam escravos e puniam criminosos na época colonial. Ele foi construído em 1648 quando Alcântara foi elevada a categoria de vila.

Na praça está também uma enorme igreja em ruínas – a Igreja da Matriz, uma antiga missão jesuíta. Ao redor da praça existem diversos edifícios que podem ser visitados, vamos falar deles a seguir.

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No pelourinho que você vê à esquerda, os escravos e criminosos eram castigados.

Museu Histórico de Alcântara

Em um dos lados da Praça da Matriz você verá um casarão colonial com a fachada típica de azulejos portugueses azuis. Esse casarão é o Museu Histórico de Alcântara e vale muito a pena visitar!

A entrada custa apenas R$ 2,00 e você vai poder ver de perto como era um casarão colonial por dentro. A casa está toda mobiliada e com utensílios da época. A visita ao museu é guiada, e a gente gostou tanto que fez um post bem completo, contando tudo! Você pode acessar aqui: Museu Histórico de Alcântara no Maranhão.

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Museu Histórico de Alcântara

Prefeitura de Alcântara/Câmara Municipal

Em outro lado da Praça da Matriz está a Prefeitura de Alcântara, um edifício colonial grande. Você pode entrar no prédio sem pagar nada. Antes funcionava nele a cadeia e os enormes e pesados portões de ferro estão ali.

O legal mesmo é subir no segundo andar e ir até a janela, que tem uma vista linda da praça. Dali você verá as ruínas da Igreja da Matriz de frente e ao fundo terá uma visão mais ampla de Alcântara.

Aproveite para reparar na vegetação e se você olhar bem verá lá longe, à esquerda, a base de lançamento de foguetes de Alcântara! (Vou explicar isso daqui a pouco!).

Ruínas Coloniais

Por todo o centro de Alcântara você irá se deparar com casarões coloniais em ruínas. Todos foram invadidos pela vegetação, alguns em menor proporção que outros. Mas isso dá uma cara muito legal às ruínas!

Você pode entrar e caminhar pelas colunas e antigas paredes – não precisa ter medo, elas já não tem mais teto então não corre risco de desabamento. O Nailton nos explicou que todos esses casarões em ruínas foram abandonados enquanto ainda estavam sendo construídos.

Segundo a história local, vários deles estavam sendo feitos para receber a visita do imperador Dom Pedro, mas com a proclamação da República isso não aconteceria mais e por isso foram abandonados.

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As ruínas estão por toda parte, lembrança do passado colonial.

Igreja Nossa Senhora do Carmo

Essa é a igreja principal da cidade. Foi construída também na época colonial e segue em atividade até os dias de hoje. A entrada custa R$ 2,00. Lá dentro você poderá perceber o revestimento de azulejos portugueses nas paredes internas.

Uma coisa interessante são os túmulos de diversas pessoas que eram importantes antigamente, lá dentro da igreja! Eu já havia visto túmulos como esses em igrejas de Minas Gerais, mas a Fabia nunca tinha visto e ficou espantada (comentando coisas do tipo “gente, estamos pisando nos cadáveres coloniais!”), rs.

Mais uma curiosidade pitoresca sobre essa igreja: os anjos do altar foram todos “castrados” por um padre que achava errado eles mostrarem o piu-piu (pode reparar, olhe bem para o altar e veja os pobres anjos decapados!). A parte interna da igreja é em estilo barroco.

O Naílton nos levou até a torre do sino, onde a gente teve uma vista espetacular da cidade e das ruínas. Mas para chegar lá você terá que subir uma escadinha capenga e perigosa, então ele disse que só leva na torre turistas aventureiros – nada de crianças ou idosos lá em cima! Endereço: Rua Grande, s/n.

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Essa é na verdade a Praça em frente à igreja do Carmo, mas achamos a foto mais bonita!

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Bem perto da Igreja do Carmo está essa outra igreja, bem menor e mais simples, que tem como santo principal São Benedito – um negro. Na época colonial os escravos iam a essa igreja rezar, enquanto os senhores brancos estavam lá na Igreja do Carmo.

Para visitar você não precisa pagar nada, mas eles pedem uma contribuição de qualquer valor para ajudar na preservação. E olha, vale a pena deixar algum trocado. Eu explico porque: essa visita é acompanhada por Seo Benedito, um senhorzinho fofo que conta a história da igreja com muita paixão e sabedoria.

Ele é um senhor simples e cuida da igreja desde que sua mãe morreu e não ganha salário por isso, faz apenas por amor à sua história e pelo legado de sua família. Na entrada da igreja você também poderá observar três tambores!

O Tambor de Crioula é uma religião de origem africana muito presente no Maranhão e com frequência você verá casos de sincretismo como esse: Tambor de Crioula dentro de uma igreja católica. É legal demais – e se você pedir ele toca um pouquinho do tambor pra mostrar como é! :) Endereço: Praça Nossa Senhora do Rosário, s/n.

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Aqui os negros vinham celebrar a missa depois que deixavam seus senhores na Igreja do Carmo, por isso as missas eram mais curtas.

Casa de Cultura Aeroespacial

Como eu já mencionei, Alcântara tem uma base de lançamento de foguetes. Isso mesmo gente, foguetes! Eu fiquei meio chocada quando descobri, mas é verdade. A base foi construída na época da Guerra Fria e fazia parte do programa brasileiro de astronomia.

Até hoje ela ainda funciona, tem gente trabalhando lá e fazendo pesquisa, mas parece que rolou um acidente há algum tempo e não são mais feitos lançamentos. Enfim, essa base fica isolada, bem longe do centro de Alcântara e não pode ser visitada.

Mas para entender melhor essa história e ver réplicas de sondas você pode visitar a Casa de Cultura Aeroespacial, um museu militar que fica na mesma praça da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos – é só atravessar a rua. A entrada é gratuita!

Onde se hospedar e o que comer em Alcântara

Como vocês viram nós fizemos apenas um bate e volta em Alcântara, mas gostaríamos muito de ter passado uma noite por lá. Nós visitamos duas pousadas muito bonitas e de valores médios, então decidimos colocar aqui no post pra você conhecer!

Pousada Bela Vista

A Pousada Bela Vista é um lugar maravilhoso. Ficamos completamente encantadas e se um dia voltarmos a Alcântara com certeza nos hospedaremos lá. O terreno da pousada é grande e além dos chalés e quartos você vai desfrutar de uma área externa muito boa.

Tem piscina, quiosque com redes, diversos cantinhos escondidos para acertar as energias. Os quartos custam em média R$ 150,oo por noite. O mais legal da Pousada Bela Vista é a decoração! Todos os detalhes são feitos pela dona da pousada, a Ziza.

Ela é muito habilidosa e pensou em cada penduricalho, quadro, objeto ao longo de 40 anos! Tem muita arte pela pousada… Descrever é difícil, então é mais fácil mostrar uma foto pra você!

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Os detalhes da pousada são resultado de 40 anos de trabalho da dona Ziza.

A Pousada Bela Vista tem um restaurante ótimo, foi ali que almoçamos. Você não precisa estar hospedado lá para comer no restaurante e pode fazer como nós! Vale a pena almoçar ou jantar na Pousada Bela Vista não só pelo lugar lindo, mas também porque a comida é maravilhosa!

Pedimos uma moqueca de peixe que custou R$ 66,00 e era tão grande que serviu nós duas e ainda levamos o que sobrou pra janta. A moqueca veio acompanhada de arroz com camarão, pirão de peixe, camarão cremoso com leite de coco e farofa. Só de lembrar já estou ficando louca de vontade de comer!

Esse camarão cremoso com leite de coco é de matar! Quando for a Alcântara, tem que comer!
Endereço: R. do Cema, 215.

Pousada La Maison du Baron

A Pousada La Maison du Baron (traduzindo do francês: A Casa do Barão) fica no centro de Alcântara e como o nome diz, é um antigo casarão colonial.

Você pode optar pelos quartos dentro do casarão, que são maiores (tem um que cabe até 5 pessoas, ótima opção para famílias) ou pelos chalés externos, para 2 ou 3 pessoas. Os chalés são uma gracinha e os valores também estão em torno de R$ 150,00 por noite.

Endereço: Rua do Sossego, 10.

Faça aqui sua reserva na Pousada Maison du Baron.

Hostel Rota da Praia

Opção de hospedagem bem simples e econômica! O Hostel é uma boa pedida para a galera mochileira e gente que quer conhecer novas pessoas.

Endereço: Ladeira do Jacaré, 245.

Faça aqui sua reserva no Hostel Rota da Praia.

Doce de Espécie

Quando for a Alcântara não deixe de experimentar o Doce de Espécie, que é o docinho típico da cidade. É vendido em diversas casas pelo centro e normalmente custa R$ 1,00.

Você pode comprar a caixinha com 10 e ficar se deliciando por mais tempo (foi o que a gente fez, é claro!). O Doce de Espécie é feito de coco e lembra um pouco a nossa queijadinha… Mas é mais gostoso e firme, com bastante coco ralado.

Esse doce é tradicional por causa da Festa do Divino, que acontece em Maio e é a festa mais importante de Alcântara. Pessoas vem do Maranhão todo para a cidade comemorar! São 7 dias de boca-livre (ou “BL” como eles falam, rs).

Isso mesmo, comida de graça! As famílias que participam ficam com as portas abertas dando comidas e doces de espécie para as pessoas que passam pela procissão. A festa é católica mas lá em Alcântara eles misturam uma tradição colonial histórica, então todo ano tem o Imperador e a Imperatriz que entram na dança.

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As estrangeiras na janela do tempo!

Como você pode ver dá pra fazer bastante coisa em 1 dia em Alcântara e é uma cidade que vale muito a pena ser visitada! O transporte até lá não é dos melhores, mas quem sabe a prefeitura logo não coloca uma lancha mais rápida para fazer a travessia.

Você vai viajar no tempo, ver paisagens e edifícios lindos e ainda comer várias coisas gostosas!

Antes de ir para Alcântara, demos uma lida e gostamos muito do post do blog Matraqueando. Dá uma conferida.

Nós agradecemos à Taguatur Turismo pelo convite e por programar para nós esse e todos os outros passeios que fizemos no Maranhão. :)


Outros posts da série Maranhão:

 – O que fazer em São Luís – roteiro e dicas

– Onde ficar em São Luís: dicas de hotéis e pousadas

– Onde ficar em Barreirinhas: Pousada do Buriti

– O que fazer em Alcântara – roteiro e dicas

– Atins: a próxima Jericoacoara


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